Secretário diz que crack é maior epidemia do Estado

Geraldo Voltz Laps
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Considerado uma das drogas mais destruidoras para o organismo humano, o crack tem conquistado inúmeros usuários no Rio Grande do Sul. O problema é tão sério que a Secretaria Estadual da Saúde (SES) já considera a dependência uma epidemia.

Para discutir a situação, a Assembleia tem promovido diversas audiências públicas. Nesta quinta-feira, centenas de jovens estiveram no auditório Dante Barone para acompanhar mais um debate. O presidente da Comissão de Serviços Públicos, Fabiano Pereira (PT), destacou a necessidade de um mutirão para reduzir os efeitos "desta verdadeira arma química" que está dizimando a juventude.

Presente ao evento, o titular da pasta da Saúde, Osmar Terra, apresentou um panorama da "epidemia" no Estado. O secretário comparou a situação com o avanço da febre amarela. "Até agora, tivemos sete pessoas vitimadas pela doença no Rio Grande do Sul. Já o crack mata seis por dia", afirma.

A estimativa é de que cerca de 55 mil gaúchos sofrem com a dependência da droga. Terra lembrou ainda que a situação de calamidade é recente. Há 11 anos, quando coordenava um programa voltado para a saúde dos jovens, o secretário disse que não havia nenhum caso envolvendo o crack registrado no Estado.

Marcelo Dornelles, representante da Associação do Ministério Público, alertou a plateia para uma nova forma de viciação. Segundo ele, traficantes estariam misturando pó de crack à maconha, aumentando o potencial desagregador físico e mental.

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente vai formar um grupo de trabalho permanente de prevenção e combate ao uso de drogas. A decisão foi tomada na manhã de quarta-feira, durante audiência pública do órgão técnico, presidida pelo deputado Gilmar Sossella (PDT), que debateu os danos à saúde física, psíquica e comportamental provocados pelo crack e ações de prevenção e combate ao avanço da droga no Estado.

Conforme Sossella, o grupo vai lutar pela implementação de novos conselhos municipais de políticas sobre drogas e defender ações de prevenção, recuperação terapêutica e ressocialização do dependente químico. "A intenção também é contribuir com informações sobre o tema e divulgar exemplos de usuários que conseguiram vencer o vício", diz Sossella. O grupo deverá ser formado por deputados, secretarias estaduais,  conselhos estaduais e municipais de Saúde e demais entidades envolvidas com o tema.


Governo oferecerá 500 leitos para o tratamento de dependentes

De acordo com o secretário Terra, o governo do Estado está desenvolvendo o Programa de Prevenção da Violência. Entre as ações está o enfrentamento ao uso do crack com a ajuda das equipes de Saúde da Família nas dez localidades mais violentas e com o maior número de dependentes químicos do Estado. "Estamos inclusive remunerando melhor essas equipes para orientar e esclarecer as famílias onde são detectados sinais do crack e casos de violência doméstica. O crack representa um fator de aceleração e multiplicação do comportamento violento", frisou. 

Segundo ele, o governo está disponibilizando mais de 500 leitos em 80 hospitais gerais do Estado para o tratamento de desintoxicação dos dependentes. "Até junho deveremos chegar a 600 leitos novos para atender a usuários do crack. Também estamos trabalhando com recursos priorizados pelo governo para pagar três mil vagas em comunidades terapêuticas, onde os pacientes ficam de seis meses a um ano. Além de triplicar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) para álcool e drogas", resumiu. Para enfrentar o problema, Terra declarou que o governo vai investir em torno de R$ 15 milhões nos hospitais que atendem a dependentes do crack, R$ 30 milhões nas comunidades terapêuticas e R$ 6 milhões na ampliação do Caps.

Para Terra, o uso do crack é o maior problema de saúde pública do Rio Grande do Sul, na medida em que 0,5% da população gaúcha é dependente da droga. "Dos 200 óbitos diários no Estado, seis estão relacionados com a pedra", constata.
 

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