Tal qual a chegada dos primeiros caminhões ainda em meio à escuridão, o aquecer dos fornos das padarias antes do amanhecer, a abertura dos portões nas primeiras horas de luz e o entra e sai de dezenas de milhares de pessoas até o anoitecer, que se repetem diariamente, a história do Mercado Público de Porto Alegre também é feita de repetições. Em 150 anos de existência, comemorados neste dia 3 de outubro, o público que dá vida ao mais tradicional ponto de abastecimento da Capital tem duas convicções. Por um lado, sabe que ameaças são uma constante. Por outro, ao ver o prédio de pé diante de tantos finais anunciados no passado, tem a certeza de que Mercado e mercadeiros compartilham uma trajetória de superação.
Constantes como o cheiro do pão quentinho, das hortaliças frescas, das especiarias expostas ao alcance das mãos e até do peixe fresco no balcão são os anúncios de pôr fim a essa história. Somente de incêndios, o Mercado Público sobreviveu ao menos a quatro. Houve ainda a grande enchente de 1941 e uma série de tentativas de demolição por parte do poder público ao longo do século passado. Em todos esses episódios, a união dos permissionários e a força do prédio prevaleceram. Em um século e meio, o país mudou as leis e o sistema de governo, a cidade alterou sua geografia ao afastar as águas do Guaíba e se despediu de mais de um meio de transporte, como carroças e bondes, mas, de alguma forma, o Mercado se manteve. Constante, permanente, contínuo, renovado, resistente, novamente abalado, incerto e eterno.
Fonte: CP
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