Morre o radialista e ex-deputado Cândido Norberto

Geraldo Voltz Laps
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Aos 83 anos, ele deixa a mulher Oyara, e o filho, Lauro

 

Jornalista Cândido Norberto dos Santos na redação da Zero Hora, com Marcelo Rech, Ricardo Stefanelli e Pedro Dias Lopes
Foto: Genaro Joner

O radialista e ex-deputado Cândido Norberto morreu às 21h30min deste domingo, no Hospital Moinhos de Vento, aos 83 anos. Ele estava internado com pneumonia e teve falência múltipla de órgãos. O velório será no Salão Júlio de Castilhos da Assembléia Legislativa, a partir das 9h, e às 17h será transferido para o Crematório Metropolitano.


Cândido deixa a mulher Oyara, e o filho, Lauro. Adoentado desde 2006, quando sofreu uma queda em casa e fraturou o fêmur, afastara-se do dia-a-dia dos estúdios e redações por onde transitou por mais de seis décadas. Desde abril, vinha se tratando de um câncer.

Cândido Norberto Silva Santos passou os últimos dias da vida ouvindo rádio. Acordava ouvindo rádio. Pegava no sono com o rádio ligado ao lado da cama, inseparável, dia e noite, do aparelho e de todos os seus significados. Poucos fizeram tanto pela magia do rádio quanto ele.

O bageense, que desembarcou em Porto Alegre em 1943 para estudar, virou repórter e construiu a mais brilhante carreira da chamada era de ouro do rádio, entre as décadas de 40 e 60, no Rio Grande do Sul. O criador do Sala de Redação da Rádio Gaúcha, em 1971, foi múltiplo. Foi repórter de jornal. em rádio, foi redator, locutor, ator de radioteatro, narrador de futebol, comentarista. Dirigiu rádio e TV, foi articulista de Zero Hora. Foi político. O amigo e colega deputado federal Ibsen Pinheiro o definiu como "o mestre do improviso".

Em 1949, Cândido narrou pela Gaúcha a primeira partida internacional transmitida por uma rádio do Estado, o jogo em que o Grêmio venceu o Nacional por 3 a 1, no Estado Centenário de Montevidéu. Era um locutor sem firulas, que contava o que via do jogo de forma cadenciada. Um ano depois elegeu-se deputado estadual pelo Partido Socialista Brasileiro. Presidiu a Assembléia Legislativa, comprou brigas políticas e transformou-se em desafeto do então governador Leonel Brizola, que cutucava nos comentários diários na Rádio Gaúcha e em discursos. Em 1966, seis meses antes de completar o quarto mandato como parlamentar, é cassado pelo regime militar.

Além da Rádio Gaúcha e de Zero Hora, trabalhou nas rádios Guaíba e Farroupilha e foi diretor da TVE. Há quatro anos, ao ser entrevistado pelo site coletiva.net, alertou que talvez não tivesse muita coisa que pudesse "interessar a terceiros". Poucos comunicadores no Brasil tiveram tanto para contar quanto Cândido Norberto.

Em 2006, quando decidiu se aposentar, o diretor da Rádio Gaúcha, Armindo Antônio Ranzolin, apontou Cândido Norberto como seu grande ídolo nas comunicações. Cândido foi o ídolo de várias gerações de radialistas e jornalistas por ter marcado o rádio com suas inovações, desde a decisão de transformar as radionovelas em programas diários, nos anos 50, até a concretização de seu maior feito, a criação do programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha.

No dia 9 de setembro de 2007, no 4º Encontro RBS de Jornalismo, que reuniu mais de mil profissionais no teatro do Bourbon Country, Cândido emocionou-se com a homenagem da direção do Grupo e dos colegas. Estava em cadeira de rodas, mas fez questão de comparecer à festa dos 50 anos da RBS. Foi aplaudido como um dos primeiros funcionários do Grupo. 

Fonte : zerohora.com


 

 

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