Poeta Luiz Coronel presta sua homenagem ao gênero feminino com os seus versos no Dia Internacional da Mulher
As mulheres da minha terra,
obreiras de sol a sol,
São ardentes e são férteis
sob o luar do lençol.
O tempo atrás das cortinas,
a toalha branca na mesa.
Retratos de mãe e avós
revelam rancor e grandeza.
Altivas em seu silêncio,
as mulheres da minha terra
colocam flores nos jarros
e fogo em armas de guerra.
Arde o corpo em solidão.
Na sala há paz e calma.
Abrem as portas e corpo.
Ninguém decifra sua alma.
Às mulheres da minha terra,
a espera as fez maduras.
São fortes e são distantes
em sua difícil ternura.
Com suas rezas e receitas
– o pão, a linha, o corte –
parecem leves e frágeis,
mas são hábeis, duras, fortes.
Os homens nos entreveros,
pencas e rebuliços.
Elas, a mesa posta.
A casa com seus ofícios.
As mulheres da minha terra
bem aprenderam na espera:
podem passar vendavais
que tudo se recupera.
As mulheres da minha terra,
ante o sonho e a solidão,
levam o passado às costas
e os filhos, pela mão.