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Um projeto para acabar com as drogas


Por Luiz Fernando Oderich*

Se quisermos combater o uso de drogas, primeiro precisamos compreender a necessidade que ela satisfaz a quem a consome. Pelas pesquisas disponíveis, ela preenche o vazio do desamor de uma existência. A solução, portanto, passa menos pela repressão policial ou pelos bancos escolares, e muito mais pela reestruturação das famílias.

Senão, vejamos como tudo já começa mal. Em 30% das certidões de nascimento hoje emitidas, não consta o nome do pai (pesquisa da Universidade de Brasília, em 180 mil certidões). Se os pais não fazem esse gesto simples, de colocarem seu próprio nome no registro do filho, também não pagam a pensão alimentícia, não visitam, não cobram posturas etc. Amar os filhos? Jamais. As mães, desprovidas de apoio material e emocional, saem à luta no mercado de trabalho. Enfrentam longas jornadas, voltam cansadas, para enfrentar um novo desafio: serem agora donas de casa. Daí a cair na tentação da permissividade ou de tentar compensar a ausência com presentes é um passo. Note-se que os drogados têm baixa tolerância às frustrações.

Seria bom se pudéssemos acreditar que os demais 70%, que chegam ao reconhecimento, fossem pais maravilhosos. Entretanto, ainda teremos de nos ver com os omissos e os violentos, entre outros, fora as mães sem aptidão para a maternidade. Portanto, matéria-prima para o desastre não falta.

Comecemos pelo começo!

Há um plano-piloto em curso em São Sebastião do Caí, cujo foco é reduzir quatro males: evasão escolar, consumo de drogas, delinquência juvenil e comportamento antissocial. Para tanto, foi feita uma parceria entre o Ministério Público, a prefeitura de São Sebastião do Caí e a ONG Brasil sem Grades.

Iniciamos pela colocação em prática do artigo 27 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Nenhuma criança sem o nome do pai na certidão. Já foram identificadas as crianças (6% da população), nas creches e nas escolas municipais, e estão sendo feitas reuniões de convencimento com as mães. No aspecto humano, é incrível o número de dramas que florescem. Dentro de poucos dias, o Dr. Charles E. M. Martins irá despejar no fórum o primeiro lote de ações. Ato contínuo, virá o pagamento dos alimentos, posteriormente haverá ações por abandono intelectual (não mandar o filho à escola).

As ações preventivas propriamente ditas começam pela apresentação do DVD de uma palestra do Dr. Sérgio de Paula Ramos, cujo foco é justamente a participação do pai. Essa palestra será ministrada nas escolas, nos bancos, nas empresas e em quaisquer locais públicos que o permitirem. Nas áreas mais carentes, o prefeito de São Sebastião do Caí, Darci Lauermann, está implantando a escola de turno integral. A primeira já começou no bairro Navegantes. A seguir virá a São Martim. Idem quanto a apoio ao esporte.

A secretária de Educação do município, Ingrid Oberto, e sua equipe já estão pensando em como fazer do limão uma limonada. Vale dizer, proporcionar nas escolas ações prazerosas, que busquem fortalecer o vínculo do filho com a figura paterna. Por fim, àquelas crianças as quais não houver condições de atribuir-se um pai biológico ou adotivo, procuraremos, ao menos, proporcionar-lhe um padrinho afetivo, à semelhança do que “Amigos de Lucas” faz.

Algo semelhante já foi feito em Mirassol, no Estado de São Paulo, tão somente no que tange à evasão escolar, com extraordinários resultados (redução da evasão de 20% para 0,5%).

Enfim, é isso ou rezar para que o Papai do Céu faça um milagre.

*Presidente da ONG Brasil sem Grades 

Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, RS - 07 05 2009
Site: www.zerohora.com.br

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